“Para a liberdade Cristo nos libertou! Ficai, pois, firmes e não vos curveis de novo sob o jugo da escravidão” ( Gl 5.1)
Introdução
O ano de 1975 foi adotado pela Organização das Nações Unidas - ONU como Ano Internacional da Mulher. Com isto, pretendeu-se chamar a atenção dos países para as situações de opressão e exclusão vividas pelas mulheres em diferentes partes do mundo. A partir de 1977, a ONU foi mais longe, estabelecendo o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher. Desde então, essa data é celebrada em todo o mundo tanto de maneira festiva, lembrando as conquistas sociais e econômicas alcançadas pelas mulheres ao longo da história, quanto em forma de protesto, reivindicando novas conquistas e a ampliação das que já foram alcançadas e denunciando formas de opressão que ainda persistem.
No entanto, o que muitas vezes se esquece é que essa história é bem mais antiga. Ela tem ínicio nas lutas das mulheres socialistas que, entre fevereiro e março de 1900, na Rússia, Europa e Estados Unidos, lutavam por melhores condições de vida e de trabalho. Para tanto, essas mulheres, organizadas em grupos locais ou movimentos de maior amplitude, lideraram greves, manifestações e enfrentamentos. Durante a 1ª Guerra Mundial, em 1917, as mulheres socialistas russas, de acordo com o seu calendário, realizaram, no dia 23 de fevereiro, o Dia da Mulher. No calendário ocidental essa data correspondia ao 8 de março.[2]
Antes disso, dois outros fatos importantes, acontecidos em Nova York, marcaram a história do movimento de libertação das mulheres:
- O primeiro foi uma longa greve de costureiras, que durou de 22 de novembro de 1909 até 15 de fevereiro de 1910;
- o segundo aconteceu em 1911, quando um incêndio, numa fábrica têxtil, devido às péssimas instalações, causou a morte de 146 tecelãs. As portas da fábrica estavam fechadas para que elas não se dispersassem na hora do almoço.
Como se vê, as mulheres conquistaram seu espaço na sociedade com muitas lutas, mortes e prisões. Nada foi fácil! Graças ao esforço e à coragem de mulheres do passado, hoje temos conquistas a celebrar; e que bom que as temos. Por outro lado, alguns índices revelam que ainda temos muito por que lutar. Em certas profissões, mulheres continuam recebendo menores salários que os homens, mesmo quando as funções são as mesmas. Elas seguem acumulando dupla jornada de trabalho, já que muitas trabalhadoras, ao voltar da jornada de trabalho, ainda precisam realizar as atividades domésticas, por não contarem com a parceria dos seus companheiros. São muitas as situações em que a mulher precisa faltar ao trabalho para acompanhar os filhos ao médico ou a reuniões de escola. Isso indica que a noção de paternidade e maternidade ainda preserva resquícios patriarcais, cabendo à mulher a tarefa do cuidado.
A dignidade e a garantia de direitos para as mulheres ainda estão longe de serem plenas. Ainda há muito a superar. Aqui, no entanto, nos restringiremos a abordar algumas questões relacionadas com a violência doméstica contra as mulheres. Essa talvez seja uma das questões que mais evidenciem a continuidade da influência do patriarcalismo, mesmo na sociedade do século XXI. Além de apresentar alguns dados e experiências relacionadas com esse tema, queremos dar algumas sugestões de como as igrejas podem contribuir para transformar essa situação.
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