Disse Jesus: "Eu sou a luz do mundo: quem me segue, não andará nas trevas, mas terá a luz da vida" LC 8:12

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quarta-feira, 27 de março de 2013

JOSÉ DE ARIMATEIA – A CORAGEM DE SER COERENTE

(Nelson Kilpp)


José de Arimateia tornou-se popular através de filmes como O Código da Vinci, onde é considerado o fundador da primeira igreja na Inglaterra, A paixäo de Cristo, onde defende Jesus no julgamento diante do Sinédrio, ou Indiana Jones e a última cruzada, onde é considerado o primeiro guardião do santo gral. De fato, muitos textos, em especial da Idade Média, narram diversas lendas a respeito de José de Arimateia. P.ex., ele teria sido preso pelos judeus por ter roubado o cadáver de Jesus; ou, então, ele teria recolhido num cálice (gral) o sangue que verteu da ferida de Cristo causada pela lança do soldado romano.

Os Evangelhos do Novo Testamento são bem menos sensacionalistas, mas muito claros ao falar deste personagem da história da paixão de Jesus. O evangelho de Marcos, o mais antigo do Novo Testamento, diz: “Ao cair da tarde…veio José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, dirigiu-se resolutamente a Pôncio Pilatos e pediu o corpo de Jesus… Pilatos cedeu o corpo a José e este o baixou da cruz, envolveu-o em um lençol que comprara e o depositou em um túmulo que tinha sido aberto numa rocha; e rolou uma pedra na entrada do túmulo” (Marcos 15.42-46).

Este texto mostra algumas das características deste misterioso personagem. Diz-se que ele é membro do Sinédrio, a maior autoridade jurídica e religiosa do judaísmo. Ou seja, trata-se de um homem reputado e reconhecido na sociedade. Conforme o evangelista Lucas, José discordou da decisão do Sinédrio de condenar Jesus (Lucas 23.51). Este ilustre membro da sociedade judaica ousou, portanto, opor-se à instância religiosa e jurídica máxima de sua época e pronunciar-se em defesa de alguém acusado de heresia. Por este motivo, o evangelista o caracteriza como um homem “que esperava o reino de Deus”.

José também demonstrou muita coragem ao pedir a Pilatos o corpo de alguém condenado como subversivo e criminoso. Os criminosos não eram considerados merecedores de um sepultamento digno. Além disso, com o seu pedido, o próprio José poderia ser considerado subversivo. Um judeu piedoso, no entanto, não pode conceber que o cadáver de um irmão permaneça exposto à execração ou intempérie. Ao sepultar Jesus em sua sepultura, José de Arimateia expressa sua profunda piedade e misericórdia com Jesus. Por isto, Lucas afirma que José de Arimateia é um homem “justo e bom” (Lucas 23.50).

Por defender Jesus perante o Sinédrio, José de Arimateia é considerado, pelo evangelista João, um discípulo de Jesus, mesmo que não de forma declarada (João 19.38). Muitas pessoas vivem de acordo com os princípios do reino de Deus sem confessar-se explicitamente cristãs. Para João, também José era um desses discípulos invisíveis de Jesus. Ele cedeu a sua própria sepultura para colocar o corpo de Jesus, acolhendo-o, assim, como membro de sua família. Conforme João, José de Arimateia e Nicodemos retiraram Jesus da cruz “e o envolveram em lençóis com os aromas [que trouxeram], como é de uso entre o judeus na preparação para o sepulcro” (João 19.38-40).

Neste relato se baseiam as pinturas que retratam a retirada de Jesus da cruz. Nele também se baseia a lenda de que José teria sido preso pelos judeus sob a acusação de ter roubado o corpo de Jesus (Evangelho de Nicodemos, século V) ou de ele ter recolhido o sangue da chaga de Jesus num cálice sagrado (santo gral). Para nós, José de Arimateia é exemplo de alguém que tem coragem de nadar contra a correnteza mesmo quando isto representa perda de prestígio ou até mesmo risco de vida.


( O autor é pastor da IECLB e especialsita em Antigo Testamento. Texto já publicado pela Revista Novo Olhar da Editora Sinodal e gentimente cedido pelo autor)

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